domingo, 23 de maio de 2010

Quando a moda pega...

Postado por Nécessaire - O Blog às 12:12
Opinião por Amanda Neuman


As conversas sobre a influência da mídia na vida dos brasileiros não param nunca. Os padrões de beleza exibidos na telinha dão às mulheres o desejo de querer ser deste ou daquele jeito, mas quem acha que só o corpo das famosas é capaz de despertar esse desejo, se enganou. O poder de influência dos figurinos de televisão na vida das pessoas pode ser maior do que você um dia pensou.

Quem nunca chegou a uma loja em busca do vestido parecido com o que fulaninha de tal usa na novela das oito? Qual a menina que nunca procurou um sapato igual ao da protagonista de Malhação? Certamente, na hora de se vestir, grande parte das mulheres brasileiras já se espelhou em alguém que viu na tevê.

Ao assistir desfiles na televisão e ver roupas extravagantes ou até esquisitas, é normal dizer que nunca usaria aquilo.

Porém, quando a novela está passando, a coisa é bem diferente. “Vi uma saia igual a essa lá no centro”, diz a mãe. “O sapato de fulaninha está com desconto. Dá pra colocar no cartão”, comenta a filha. É tudo uma questão de chamar a atenção. Sem dúvidas, na hora de escolher o que comprar, a moda da "vida real" pesa bem mais do que aquela que é produzida pelos desfiles, porque mesmo que não seja a tradução da realidade, precisa funcionar como uma representação verossímil dela. E é fato que mesmo que certas coisas não agradem a alguns, sempre vai ter aquele que acha que com menos brilho ou em outra cor, até que poderia ficar bonitinho.

Contradizendo uma idéia muito batida no mundo da moda, de que os looks vistos nas novelas são, no geral, pouco criativos e muito pasteurizados, Alexandre Herchcovitch, um dos estilistas mais importantes do país, disse acreditar que o figurino das tramas televisivas melhora, sim, a maneira do brasileiro se vestir. A realidade é que as novelas acabam divulgando a moda do país. A moda de rua. A moda das pessoas que são de verdade.

As peças encontradas nas lojas populares servem de exemplo. Se for época da microssaia da Darlene (foto à esquerda), personagem de Débora Secco, aparecer no horário nobre, é este modelo que enche as vitrines das lojas populares. Se for época de Jade (foto à direita) dançando a dança do ventre com suas pulseiras ligadas ao anel, é isso que enfeitará as brasileiras pelas ruas. A verdade é que as novelas são a grande revista de moda das camadas populares, não há dúvida disso.

Se alguém não pode pagar por canais exclusivos de moda, se não tem tempo durante o dia para ler editoriais em revistas famosíssimas, é à noite, na hora do descanso, que esse alguém pára para ver nas novelas o que as famosas e seus personagens vestem. Por fim, querendo ou não, é algo daquele tipo que vai acabar comprando. Querendo, porque cabe a você decidir o que leva até o caixa. Sem querer, porque quando alguma coisa está na novela, parece que só aquele tipo de coisa se encontra nas lojas. E são esses figurinos que contribuem para a melhoria da cultura de moda do país.

No fim das contas, o público tem sempre razão. Se for legal, o personagem continua a vestir, mas se não for, o público implica e chega a hora de fazer algumas alterações. Mas o bom senso continua a valer. Nem tudo o que se vê, pode se usar. Poder até que pode, mas nem tudo fica tão interessante assim. Essa questão, porém, cabe às mulheres. Só elas podem resolver o que lhes cai bem. Estranho seria se, em época de Caminho das Índias, resolvessem usar sári debaixo desse sol.

  • Em 1994, o programa 'Vídeo Show' reuniu cenas criadas por Gilberto Graga, mostrando, através de desfiles e fiurinos, como a moda muda tanto quanto as novelas que iam ao ar. Na matéria que você confere no vídeo abaixo, aparecem cenas das novelas Dancin Days, Água Viva, Louco Amor, Vale Tudo, O Dono do Mundo e Pátria Minha.



1 comentários:

Iuri Rodrigues on 6 de junho de 2010 às 15:37 disse...

Essa matéria é a cara das pessoas que vivem no interior do estado. Eu sou de Lagarto e lá as pessoas não só acompanham os costumes que a grande mídia dita, como também viram os personagens de tv. Portanto minha nobre colega Amanda, não tome como surpresa se vc se bater algum dia aqui em Lagarto com uma Nazare tedesco de Aguinaldo Silva e a Flora de João Emanuel Carneiro. kkk! bjus!!!

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domingo, 23 de maio de 2010

Quando a moda pega...

Opinião por Amanda Neuman


As conversas sobre a influência da mídia na vida dos brasileiros não param nunca. Os padrões de beleza exibidos na telinha dão às mulheres o desejo de querer ser deste ou daquele jeito, mas quem acha que só o corpo das famosas é capaz de despertar esse desejo, se enganou. O poder de influência dos figurinos de televisão na vida das pessoas pode ser maior do que você um dia pensou.

Quem nunca chegou a uma loja em busca do vestido parecido com o que fulaninha de tal usa na novela das oito? Qual a menina que nunca procurou um sapato igual ao da protagonista de Malhação? Certamente, na hora de se vestir, grande parte das mulheres brasileiras já se espelhou em alguém que viu na tevê.

Ao assistir desfiles na televisão e ver roupas extravagantes ou até esquisitas, é normal dizer que nunca usaria aquilo.

Porém, quando a novela está passando, a coisa é bem diferente. “Vi uma saia igual a essa lá no centro”, diz a mãe. “O sapato de fulaninha está com desconto. Dá pra colocar no cartão”, comenta a filha. É tudo uma questão de chamar a atenção. Sem dúvidas, na hora de escolher o que comprar, a moda da "vida real" pesa bem mais do que aquela que é produzida pelos desfiles, porque mesmo que não seja a tradução da realidade, precisa funcionar como uma representação verossímil dela. E é fato que mesmo que certas coisas não agradem a alguns, sempre vai ter aquele que acha que com menos brilho ou em outra cor, até que poderia ficar bonitinho.

Contradizendo uma idéia muito batida no mundo da moda, de que os looks vistos nas novelas são, no geral, pouco criativos e muito pasteurizados, Alexandre Herchcovitch, um dos estilistas mais importantes do país, disse acreditar que o figurino das tramas televisivas melhora, sim, a maneira do brasileiro se vestir. A realidade é que as novelas acabam divulgando a moda do país. A moda de rua. A moda das pessoas que são de verdade.

As peças encontradas nas lojas populares servem de exemplo. Se for época da microssaia da Darlene (foto à esquerda), personagem de Débora Secco, aparecer no horário nobre, é este modelo que enche as vitrines das lojas populares. Se for época de Jade (foto à direita) dançando a dança do ventre com suas pulseiras ligadas ao anel, é isso que enfeitará as brasileiras pelas ruas. A verdade é que as novelas são a grande revista de moda das camadas populares, não há dúvida disso.

Se alguém não pode pagar por canais exclusivos de moda, se não tem tempo durante o dia para ler editoriais em revistas famosíssimas, é à noite, na hora do descanso, que esse alguém pára para ver nas novelas o que as famosas e seus personagens vestem. Por fim, querendo ou não, é algo daquele tipo que vai acabar comprando. Querendo, porque cabe a você decidir o que leva até o caixa. Sem querer, porque quando alguma coisa está na novela, parece que só aquele tipo de coisa se encontra nas lojas. E são esses figurinos que contribuem para a melhoria da cultura de moda do país.

No fim das contas, o público tem sempre razão. Se for legal, o personagem continua a vestir, mas se não for, o público implica e chega a hora de fazer algumas alterações. Mas o bom senso continua a valer. Nem tudo o que se vê, pode se usar. Poder até que pode, mas nem tudo fica tão interessante assim. Essa questão, porém, cabe às mulheres. Só elas podem resolver o que lhes cai bem. Estranho seria se, em época de Caminho das Índias, resolvessem usar sári debaixo desse sol.

  • Em 1994, o programa 'Vídeo Show' reuniu cenas criadas por Gilberto Graga, mostrando, através de desfiles e fiurinos, como a moda muda tanto quanto as novelas que iam ao ar. Na matéria que você confere no vídeo abaixo, aparecem cenas das novelas Dancin Days, Água Viva, Louco Amor, Vale Tudo, O Dono do Mundo e Pátria Minha.



Um comentário:

  1. Essa matéria é a cara das pessoas que vivem no interior do estado. Eu sou de Lagarto e lá as pessoas não só acompanham os costumes que a grande mídia dita, como também viram os personagens de tv. Portanto minha nobre colega Amanda, não tome como surpresa se vc se bater algum dia aqui em Lagarto com uma Nazare tedesco de Aguinaldo Silva e a Flora de João Emanuel Carneiro. kkk! bjus!!!

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